terça-feira, 23 de junho de 2009

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 6

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 6: Sonhos e desilusões: Porque vim para São Paulo.

A maioria das pessoas com quem converso e convivo acha que eu vim para São Paulo porque, bem, "você é nordestino e como todos eles, achou que 'ganharia a vida' na cidade grande...". Puro preconceito!. Não me encaixo nesses padrões. Sou comum, mas não sou igual aos outros. Não vim aqui na carroceria de um caminhão, nem pra cortar cana, nem para vender coquinho na feira para paulistas. Vim aqui porque tinha um sonho. Essa é a minha história.

Nasci numa cidade pequena, no interior da Bahia. Sou de família pobre, mas honesta!. Nunca me faltou nada. Nem carinho. Nem amor. Coisas eu consigo sozinho!. Fui criado pra ser um Homem, assim mesmo, com "h" maiúsculo, não um moleque. Engana-se hoje quem acha que eu sou um idiota só porque gosto de brincar e falar merda. Não me subestime. Nem me compare com seus amigos. Você não me conhece o suficiente.

Eu sou um Homem de caráter e não quero nada que seja seu. Absolutamente nada. Quero que me respeite. Só isso. Respeite o que eu sou. O que penso. O que sinto. Meus sonhos, ainda que esbarrem nos interesses de outras pessoas, não vão te prejudicar. Não precisa se preocupar. Abaixe a porra da guarda, porque não quero o seu mal.

Vim à São Paulo porque sonhava em me tornar uma pessoa melhor. Ridículo? Foda-se! Não devo nada à você. Achei que aqui, andando com as minhas próprias pernas, eu conseguiria entender o motivo de estar nesse mundo. Do porque tive (e tenho) que passar pelas coisas que passei (e passo). Porque minha dor era necessária. Vim aqui descobrir porque vale a pena fazer certas coisas.

Cheguei no dia 24 de Dezembro de 1994. Véspera de Natal. A cara, a coragem e meu sonho na bagagem. Fui tratado como lixo pelas empresas por onde passei. Fumei mais maconha do que pode sonhar na vida. Conheci meia dúzia de pessoas boas e uma tonelada de pessoas ruins. Beijei, trepei, chupei e lambi. Fiz muita merda e muita coisa boa. E apesar de hoje não fazer nenhuma diferença pra ela, amei com tudo o que tinha. Incondicionalmente.

Sonhos, assim como pessoas, vem e vão. Me sinto infeliz pela perda das duas coisas. Pela perda da minha esperança. A vida em São Paulo me mostrou que nem sempre vale a pena lutar. Quer você queira, quer não, a vida vai sempre dar um jeito de foder as suas ambições. Tomei tombos cinematográficos e descobri que não importa o quanto você se importe, pois algumas pessoas simplesmente não se importam, como disse Shakespeare.

Não sou nem metade do Homem que sonhei ser. Mas só bem mais do que você jamais vai encontrar. Aqui ou em qualquer lugar. Espero que passe pelo que passei, miserável, para entender a dar valor as coisas e as pessoas que realmente importam.

São Paulo, 14 de Abril de 2009. 17 dias e contando.

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