quinta-feira, 25 de junho de 2009

PONTUAÇÃO? ESPAÇO?

Esqueçam. O BLOGGER parece não saber o que é isso. Por isso quase nunca escrevo por aqui. Já os erros de português, esses, sim, são meus. Desculpa. Ninguém é perfeito.

CONDENADO À SOLIDÃO: Um manifesto sobre amor em tempos tão promíscuos. (II)

HOMEM QUE É HOMEM PASSO O RODO MERMO!
Alguns podem questionar porque falei apenas das minhas impressões à respeito das novas (e deploráveis) atitudes femininas. A resposta é simples: porque isso vem me impressionando negativamente há algum tempo. Além do mais, não é sempre que podemos acompanhar, ao vivo e a cores, os valores de uma sociedade sendo destruídos.
Não vai falar sobre os homens?, podem me questionar as meninas. Nem preciso dizer, meus amores, porque isso nunca mudou. Óbvio que não. Nem todos os homens se encaixam nesse estereótipo, claro, mas alguns sujeitos são hors-concours nesse tipo de comportamento. Deles eu nem preciso perder meu tempo falando.
Um deles, inclusive, teve a pachorra de me dizer outro dia que isso "faz parte da nossa cultura, enquanto homens". O que eu faço com uma besta dessas? Que cultura, brother? Só se for a sua. Incrível como algumas pessoas insistem em usar as mesmas desculpas esfarrapadas anos a fio.
E se espantam quando falo da minha posição. Já virei até motivo de piada entre alguns deles. "O último de uma espécie em extinção". Tsc tsc tsc. Eu nem perco o meu tempo discutindo. Opinião é que nem bunda: cada um tem a sua. Por quê perder meu tempo?
O amor não vale mais nada, os valores morreram, o relacionamento sério faliu, disse o mesmo neanderthal. Pode até ser verdade, mas apenas entre os seus pares, meu velho. Ainda hé muitas pessoas que acreditam nessas "coisas ultrapassadas". Eu me orgulho de ainda ser uma delas. Se você, mulher, faz parte do primeiro grupo, desculpa, mas não faço a mínima questão de tê-la por perto. Sou muito seletivo com relação às pessoas com quem me envolvo. Não costumo perder meu tempo.
CAGA-REGRAS
Sei que isso limita muito as minhas possibilidades. Mas esta é a minha opção. Prefiro ficar sozinho à ter que me submeter às idéias de outros. Ainda mais se elas forem tão diferentes das minhas. Essa semana, por exemplo, ouvi um troço que realmente me chateou. Mais ou menos assim:
"Até quando você vai mimar fulana? Não entendeu ainda que ela não quer mais nada com você? Você virou o número 2 dela e fica aí, fazendo papel de idiota... o amor só vale a pena se voce for o número 1. Segundas e terceiras opções não valem nada".
Condenado à solidão, por causa de um amor não-correspondido. É assim que algumas pessoas me veem. Algumas até querem meu bem, falam para me dar apoio. Na boa?, passo. Eu sei exatamente o que estou fazendo.
Abrir mão de um amor verdadeiro, para mim, tem o mesmo peso de desistir de um sonho. E eu não desisto dos meus sonhos. Não sem ao menos lutar. O tempo há de me recompensar, de alguma forma, pelo que vocês chamam de "desperdício".
Amor, pra mim, é coisa séria. E não abro mão. Bobo? Acha mesmo? Tudo bem. Não estou aqui para cagar regras para ninguém. Cada um sabe o que quer para se próprio. Quem sou eu para dizer o que deve fazer ou deixar de fazer. Só sei de mim. Do que creio, do que quero. Mesmo que isso me custe alguns meses ou anos de solidão.
Como bem escreveram no muro do Cemitério da Consolação (nada mais apropriado, acho) outro dia: "O AMOR É IMPORTANTE, PORRA!". Eu não teria escrito melhor.

CONDENADO À SOLIDÃO: Um manifesto sobre amor em tempos tão promíscuos.

Amigos, o que eu vou dizer aqui não é novidade para ninguém. Pelo contrário. É um texto piegas, abarrotado de lugares-comuns e frases de efeito, que soam como lições de moral. Nem por isso, menos verdadeiro, nem menos importante.
Vivemos uma época estranha, escura, ruim. Uma época de inversão de valores. De perda da inocência. Uma época em que o amor deixou de vez de ser importante. Que pensamento retrógrado, dizem alguns. Tudo leva a crer que estão certos.
Sempre que pego um espaço para escrever sobre amor, algum idiota perde minutos preciosos do seu dia para me mandar e-mail, me chamando de sonhador e antiquadro. Outros, mais nervosos e pretensos donos da razão, acham que eu estou condenado à solidão, por acreditar em valores tão fora de moda.
Poupem-me.
É por causa dessas pessoas que decidi escrever esse manifesto, ainda que ninguém leia. Se alguém ler, aliás, já vai ser uma vitória. Se entender o que quero passar, então, um acontecimento histórico. Não vou criar falsas expectativas. Estará aqui, para quem quiser dar uma olhada.
SINGLE LADIES
Modismo é uma merda. De repente, alguém cria alguma coisa - em geral, estúpida - e todo mundo quer fazer igual. Não importa o quão ridículo isso seja. A moda hoje é ser puta. Quanto mais vulgar você parecer, melhor. Mostre o máximo que conseguir do corpo, fale muitos palavrões e vai à luta!. Montada, santa. Per favore.
Os trejeitos, a linguagem, o visual, a atitude... durante anos as mulheres reclamaram da galinhagem dos homens. Agora, usando o pretexto da "igualdade de direitos", passaram a copiar o que havia de pior no comportamento masculino. Independentes, sexualmente ativas, single ladies.
As mulheres passaram de caça à caçadoras e estão em guerra. Não conosco. Entre elas. O beijo, antes sinal de intimidade, hoje virou troféu na mão dos quadrúpedes. Quanto mais nêgo eu beijar, mais independente me sentirei. E como beijam. Mas beijar só não é suficiente. "A porra da buceta é minha", diz a letra do funk que elas adoram ouvir na balada. Quanto mais eu trepar, mais independente me sentirei. E como transam.
A moda é ser vulgar. É se atirar. O que suas amigas irão pensar de você, se disser que está namorando sério? Meu Deus, noiva?, como você é idiota! Está perdendo a melhor fase da sua vida, um tempo que não volta mais, a sua chance de experimentar tudo e todos sem compromisso. Acorda!
Meus amigos me acham sentimentalista e puritano demais. Acham, nas palavras deles, que eu deveria aproveitar essa fase de abundância para "beijar-pra-carai e meter a rôla nessas vacas!". E quando eu digo que não, que já sou apaixonado e, putz!, por uma única mulher, me chamam de
tonto.
Será que eu sou tão tonto assim mesmo? Ou será que são vocês que perderam a noção do ridículo?
MARIONETES ALIENADAS
Mas, Denis, porra, você só não pega porque você não quer. Sim, sei disso. Mas está exatamente aí o que me diferencia de vocês: eu não perdi o interesse no amor. No relacionamento sério, honesto, maduro, duradouro.
Tonto, velho... chamem do que quiser. Eu não dou a menor importãncia à opinião de vocês. Fui educado para ser um Homem, não um moleque. Posso beijar quantas bocas quiser, comer quantos rabos desejar, mas, e quando eu voltar pra casa e estiver sóbrio, o que restará de mim?
Exagero? Por que, cara-pálida? Defendo as minhas opiniões, não as dos outros. Acredito, sim, na felicidade plena de um relacionamento baseado num sentimento nobre. Beijar, assim, por beijar, como transar, assim, só por transar, não me interessa. Por isso não me envolvo com esse tipo de mulher.
Me interesso por parcerias valiosas, que enriqueçam a minha vida e que seja completa e irrestritamente baseada no amor. Dediquei hum mil, quatrocentos e noventa e seis dias à uma parceria assim. E não me arrependo de um segundo sequer.
Esse é o meu jeito. Meu caráter, personalidade e atitudes não mudaram com o passar dos anos. Continuo acreditando e defendendo as mesmas coisas, as mesmas idéias, os mesmos valores. Sim, mudei muito, todo mundo muda. Mas não deixei de ser o que sou, como muitas pessoas fizeram.

terça-feira, 23 de junho de 2009

I'M BORED WITH LIFE.

Não importa o que eu faça, essa merda não vai pra frente. Nem um passinho sequer. Estagnada. Nothing happens. Não sei o que acontece, juro. Eu devo ter jogado pedra na cruz, como já dizia Caco Antibes.

Há horas em que a minha vontade é sumir de vez. Merda.

AMOR. PONTO.

Como definir o que é amor? Como rotular algo que a priori não cabe em nenhuma especificação? Em nenhuma categoria? Que não tem sentido concreto, não pode ser mensurado... então, como definir o que é amor?

O amor supera tudo mesmo, como dizem? Você, por amor, é capaz de aguentar as maiores privações? De relevar as maiores injustiças? De esperar por uma reviravolta do destino? Ou desiste de lutar e se entrega as incertezas de um destino inseguro, imperfeito?

O que você é capaz de fazer por amor? E como você definiria o seu amor?

Amor não-correspondido é amor do mesmo jeito? Qual o nível de intimidade que só o amor proporciona? O que é o amor, afinal de contas?

Quando você percebe que ama alguém? Consegue enxergar esse amor, ainda que os olhos fechados? Como definir uma coisa tão forte e ao mesmo tempo tão frágil?

Amor não-correspondido é amor do mesmo jeito? Até onde está disposto à ir, até perceber o que deixou pra trás? O amor não lhe faz falta? Se não, porque se importar com o amor, então?

O amor é algo sublime, transcendental... mas não sobrevive sozinho, sem retorno. Amor. Ponto. O amor não precisa ser definido. Só sentido. Está na minha cara, nos meus gestos, na forma como olho pra você, como te sinto. Agora, à você, cabe definir o quão importante é esse amor pra ti. E se ele vale a pena ser correspondido ou não.

AMOR. Assim, maiúsculo. Como disse o Jabor. Vale a pena? Ou é melhor uma vida de experiências vazias? Nunca precisei ter essa dúvida. Nem nunca terei.

Amor. Ponto.

MSN 2

...e eu que odiava o MSN...

T.: Qual o tipo de mulher que te atrai?

Denis: O tipo interessante.

T.: Defina "interessante".

Denis: T., se tal difinição existisse, o mundo seria um amontoado de pessoas chatas fingindo ser o que não é...

T.: Ué, achei que já fosse.

Denis: kkk

T.: kkk

Denis: O que eu quero dizer é que, lógico, sem hipocrisia, a beleza chama a atenção, é o cartão de visitas da pessoa, mas pra que serve uma pessoa bonita e vazia, a não ser para o sexo? Eu prefiro as mulheres interessantes, inteligentes, divertidas e sacaninhas àquelas lindas, mas fúteis, sacoé?

T.: Hum, entendi. E se ela tiver todas as qualidades que quer, mas for feinha?

Denis: Defina "feinha".

T.: Sem ofender as minorias? "Exótica".

Denis: Se as qualidades compensarem o "exotismo", por quê não?

T.: Ôpa! Primeirona!

Denis: kkkk

Cada vez melhor... mais divertido, pelo menos.

MSN

- Oi, gatinho.
- Olá.
- O que foi que aconteceu?
- Como assim?
- Vi seu perfil no Orkut outro dia. Está triste. Aconteceu alguma coisa?
- Triste, eu? Não, cara, impressão tua. Estou ótimo. E você, como es--
- Não, não foi impressão, você mudou a foto, tirou aquela em que estava sorrindo, apagou o 'status' feliz que estava lá...
- Hã? Foto sorrindo? 'Status' feliz? Eu não tenho fotos sorrindo, nem me recordo de ter colocado frases alegres no 'status'...
- Nem vem! Estava feliz e agora está triste. Conta pra sua morena o que te aflige.
- "Minha morena"? What the fuck are you talking about? Estou bem, acredite.
- Não está porra nenhuma! É segredo? Não quer me contar? Conto tudo pra você!
- Você cheirou alguma coisa? Não tenho nada. E se tivesse, não vejo porque te contar. Mal nos conhecemos.
- O cacete! Sou tua amiga. Desembucha!
- Meu, seja lá o que tenha tomado, você está me irritando!. Não tenho obrigação nenhuma com você e, já disse, estou ótimo.
- Nossa, que grosseria, Denis! Tinha sim, estava lá. Sabia que você estava deprê! Se estivesse normal, além de não mudar o seu perfil, jamais falaria comigo nesse tom!!
- What? Alto lá, cara-pálida, eu não fui grosso com você. Nem mesmo 'levantei a voz'. Só respondi no mesmo tom.
- É, mas as coisas que falou...
- Meu anjo, quantos anos você tem de verdade? Sete, oito? Apenas estou tentando te dizer que estou bem - se é que à essa altura se interessa em saber - e você veio com esse dedo em riste.


Silêncio.

- Vai ficar assim? Tú fala mais do que que devia, me coloca numa posição estranha e ainda fica de "biquinho"?
- Vou!, sim. Você está mal, estou tentando entender os motivos, te ajudar... e você me trata desse jeito.
- Ó, Deus, dai-me saco. Tá certo, fia, entenda como quiser. E desculpa se te ofendi, tá bom assim?


Silêncio. Trinta e sete segundos depois:

- Mas, então, meu, sou tua amiga, caramba! Me conta porque está assim.
- Jesus! Não começa, por favor.
- Você sempre foi tão pra cima e nesses últimos dias está tão calado. Pôxa, você não é assim.
- Quer parar?!
- Vai dizer que é por causa da sua ex de novo?
- O quê?!? Quem você pensa que é para falar assim comigo, menina?
- Mas estou tentan--
- Vem cá, desde quando você me conhece?
- Seis meses, mas...
- E porque acha que o fato de conversar comigo por 6 meses faz de você uma expert em mim?
- Não acho, é que--
- E quem te contou sobre a XXXX?
- Ah, eu li no seu perfil do Orkut e dei umas fuçadas no--
- Caralho!, que diabos pensa que está fazendo, XXXX?
- Ah, agora você é que vai posar de ofendido?
- O que acha que sabe sobre mim? Sobre quem sou e o que penso?
- Eu--
- Então não fode. Não somos amigos. Nunca fomos. Apenas conversamos uma vez ou outra. E só pelo MSN. Pessoalmente eu nem te conheço. Quem você pensa que é para querer se meter na minha vida? Me deixa em paz!.
- Grosso!
- Tonta!


The end. Um bloqueia o outro. O outro bloqueia o um. E todos vivem felizes para sempre. Uma idiota a menos na minha vida.

P.S.: Estou bem, obrigado. Tranquilo, stress-free (acreditem ou não) e tocando o meu barco, por assim dizer.

CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES SOBRE COISAS SEM IMPORTÂNCIA

Arthur corre pela sala. Nunca vi moleque tão elétrico. Desde que nasceu é assim, diz minha mãe. Loirim, como eu, estabanado, como você, ele vive derrubando as coisas. Muitas vezes de propósito.

Outro dia, assim, sem mais nem menos, começou a correr e gritar, quando vi estava em cima da mesa, atirando a jarra de suco no chão. Danado! Parece a mãe, quando mais nova.

Juro que já tentei de tudo, Dona Maria, mas ele não para. Dona Maria é minha vizinha desde que vim para a Zona Leste. Dá umas palmadas quando ele começar a fazer merda, ela diz. Teve sete filhos ("dois morreram"). Deve saber do que está falando.

Mas eu sou um fraco, jamais bateria nele. Pelo contrário. Suas traquinagens me encantam. Faz com que me lembre de uma época em que não precisava me preocupar com nada.

Hoje tudo é diferente, mais difícil, menos divertido. Nunca me imaginei "pai solteiro", mas a vida quis assim, fazer o que? É meu parceiro, minha vida. O amo como te amava. Passo noites em claro, olhando pra ele, observando seu jeito. Ele dorme de ladinho, que nem você. Loirinho, como eu, quando criança. Dorme sempre abraçado com o cobertor. Parece o Linus, do Snoopy. Adoro.

Alegre, mas temperamental, como nós dois. Outro dia, safadim, tentou beijar uma coleguinha lá na escola e ela deu um tapa nele. Revidou com um chute no estômago (kkk). Esse é o nosso garoto. A vaca da Priscila veio me chamar pra conversar. E tome lição de moral. Deve achar que ser diretora de escolinha lhe dá o direito de se meter na educação do filho dos outros. Nem ligo. O Arthur, então, ri da cara dela. Você teria orgulho dele, tenho certeza. Se não o matasse antes de tanto bater, atrevo-me a dizer (rs).

Tem o seu sorriso, aquele "meio Jack Nicholson", saca? Domingo passado ele pediu para eu contar uma história. Estava exausto, passei o dia na editora. Nem te contei, né? Meu romance já está no prelo. Te mando a primeira cópia. Enfim, saudosista e sem inspiração, contei aquela história do "Fuck Me Pumps". Ele não entendeu nada, claro, mas deu muita risada. Até de "tonto" me chamou, pode? (rs) Sarcasmo puro. Herdou isso de nós dois, acho.

O Pedro, filho da minha irmã, desde pequeno chamava pela mãe o tempo todo. Incrível como ele quase não se lembra de você. Já eu, pra variar, penso em ti o tempo todo. Ah, as vantagens de ser criança...

Mas não é culpa minha não, nem adianta brigar!. Sempre mostro as suas fotos pra ele. Principalmente as do nosso casamento. Você estava linda, como sempre. Eu, um lixo, chorando como um idiota. Você não derramou uma lágrima, crápula! Aposto como deve ter rido da minha cara! Não fosse os óculos embaçados, poderia jurar que estava rindo enquanto seu pai te trazia pelo corredor. Tocava "Cant' take my eyes off of you", pedido seu. E aquela moça, a gorda, que voz. É como se eu estivesse ouvindo nesse momento. Mágico.

Ah, sabe aquela vitrola que compramos na Fnac? Então, tú esqueceu aqui, sua louca. Na correria pra mudar, nem levou. Mancada. Paguei aquela joça em 12 vezes!

Teu ex-marido ligou aí ontem, procurando por ti. Isso já encheu o saco!. Vocês brigam, tú sai de casa e a primeira coisa que o cara faz é me ligar. Por que diabos ele sempre acha que você vem pra cá? Depois de tudo o que aconteceu entre a gente, acho que aqui seria o último lugar pra onde viria. Deve ser por causa do Arthur. Se bem que, nos últimos meses, você veio aqui só três vezes. Pô, isso não se faz. O moleque não tem nada a ver com o que houve. Precisa vê-lo mais vezes. Essa é a melhor fase da vida do garoto, se você não estiver aqui, vai chegar uma hora que ele nem vai mais se lembrar do teu rosto.

Bom, preciso ir. Tenho que passar no supermercado, acabou o sucrilhos. Você sabe que ele não vive sem essa merda. Depois te mando mais notícias e, porra, vê se aparece!

Bjs

PS: Quando você vier, please, deixa o mala do seu 'ficante' em casa. A última coisa que meu fiho precisa é de um babaca chamando ele de "meu loirim". Meu o cú dele! Não sei aonde você arranja esses malas.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM - FINAL

POST-SCRIPTUM:

Durante 20 dias vocês leram aqui algumas histórias que me marcaram. Interessantes ou não, tanto faz. É a minha história. Cada um vê graça aonde quer. E graça, na real acepção da palavra, é o que distingue uma vida comum e valorosa de uma vida inútil e desinteressante. Minha vida teve graça. Muita.

Nesse período, dividido em “capítulos”, percebeu que eu sou bem mais do que um barbudo-com-cara-de-safado, como me definiu uma pessoa outro dia. Percebeu que apesar de falar merda, brincar pra caralho e, putaqueopariu!, falar palavrão pra cacete (rs), eu passo longe de ser um bobão.

Descobriu que não gosto de mentiras, nem de mentirosos. Não aceito desvios de caráter como se fosse algo corriqueiro, nem costumo perdoar quem os comete. Mas sei perdoar quando necessário.

Descobriu que minha família é tudo o que tenho e que meus poucos amigos me marcaram profundamente. Também descobriu que me acostumei a viver sozinho, apesar de não gostar nem um pouco da solidão.

Entendeu que a minha relação com Deus passa longe de religião. Que a chuva me tranquiliza e me purifica. Que tenho meus vícios, mas estou tentando parar. Que meus irmãos passaram maus bocados comigo (rs), mas que os amo mais que tudo. E que meus avós fizeram de mim o Homem que sou hoje.

Que respeito as opiniões alheias, mas sou convicto das minhas. Que não tolero nêgo safado. Que não entendo como alguns se iludem tão facilmente com outros. Como não conseguem ter idéias próprias. Como não respeitam quem as tem. Nunca entenderei.

Descobriu que meus sonhos tiveram que ser deixados de lado quando vim para São Paulo, mas que não parei de sonhar. Que luto bastante, sozinho, mas que consigo pouco, quase nada. Ainda assim, sei que preciso continuar.

Descobriu que eu amei e amo. Demais. Incondicional. Que fui correspondido e feliz. Deixado de lado e triste. Que ainda me importo. Que ainda amo. Que ainda tenho esperanças.

Histórias tristes, alegres, bobas, sérias. Vinte delas. Dezoito, na verdade (Não escrevi em dois dias, por motivos pessoais). Interessantes ou não, tanto faz. Verdadeiras, nêgo. Verdadeiras.

Ao longo desses dias meu perfil teve acesso recorde, de amigos e curiosos, o que me espantou um pouco. Nunca achei que histórias comuns chamassem tanto a atenção. Os que acompanharam me conheceram um pouco mais. E descobriram porque gostam de mim ou porque não vão com a minha cara. E eu fico extremamente feliz por ter os dois grupos, principalmente o segundo (kkk). A minha vida não seria a mesma sem os imbecis que me odeiam e me invejam.

Fica aqui o meu agradecimento à todos os que leram e, principalmente, ao pequeno grupo que teve coragem de dividir comigo suas opiniões. Quem não me conhecia ou achava que conhecia passou a me conhecer bem melhor agora.

Crianças, obrigado. Let’s have some fun!.

Meu nome é Denis Hermeson Mendonça e tenho 30 anos. Só por hoje.

São Paulo, Quarta-Feira, 29 de Abril de 2009. 01 dia.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 18

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 20: Esperança, esse sentimento tolo que nos mantém vivos.

Não sou, nem me faço de coitadinho. Não preciso da sua piedade. Preciso apenas da sua atenção. Há histórias mais tristes e mais felizes que a minha, mas isso não é uma competição. Pelo contrario. Nunca existirão competições que premie o "mais sofrido" ou qualquer coisa que o valha. Nem ninguém vai querer tal título.

Eu, pelo menos, passo longe disso. Por esta razão, não quero que sintam pena quando leiam histórias tristes, nem sintam raiva de quem as protagonizou. A vida é assim mesmo.

As histórias mais relevantes que contei aqui tinham em comum uma certeza inconteste: a vida vai continuar, não importa como. Pessoas vêm e vão, sentimentos nascem e morrem, mas não importa o que fizer, pois a menos que morra, a vida continuará seguindo o seu curso.

Obviedades, Denis? Justo no "último capítulo"?. Pode rir, babaca. Entenda como quiser. Contei as coisas que contei para que meus amigos não esqueçam quem eu fui e o que fiz. Agora é hora de colocar um ponto final na história. E iniciar outra. Continuar a minha caminhada.

É um mundo novo, nem sempre bonito, mas cheio de possibilidades. Hora de colocar a cabeça no lugar, deixar de lado planos e sonhos e viver a vida hoje, do jeito que ela se apresenta.

Quem eu sou não mudará porque ficarei um ano mais velho. Resoluções são coisas de quem não acredita ter feito a coisa certa. E eu fiz. Tenho certeza. O que vai ser daqui pra frente só depende de mim. E de um pouco de sorte, que estou precisando. rs

A melhor coisa que se aprende com o tempo é que nunca alcançará a felicidade plena. O todo é muito vago. São os pequenos momentos que ficam.

- Amor, acorde. Olha lá fora. É um novo dia. Lindo. Nublado e friozinho, como gostamos. Abra a janela, vamos aproveitar. Eu amo você.

- Eu também te amo. Mas vamos ficar aqui mais um pouquinho. Me abraça. Eu não vou a lugar nenhum sem você.

E se beijaram, como fizeram a vida toda. E ali, olhando pela janela, descobriram que não estavam juntos por acaso. Não existem acasos.

São Paulo, 28 de Abril de 2009. 02 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 17

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULOS 17, 18 E 19*: A alegria contagiante dos anencéfalos.

Uma das coisas mais desagradáveis que podem acontecer a qualquer pessoa é perder a fé no outro. A fé nas pessoas é o que faz essa merda toda valer a pena. Pessoas, não coisas.

Problemas todos nós temos, mas ao longo desses anos eu fui perdendo um pouco da fé que tinha. Sabe como é, quando se dá coisas boas e recebe coisas ruins, você passa a se perguntar se vale ou não a pena continuar dando.

Coração e braços abertos? Para quê? Para que se aproveitem de você? Não nasci para fazer papel de bobo. Comigo você só pisa na bola uma vez. Uma vez e pode me esquecer.

Mas o que é mais grave é que quem apronta com você normalmente não vê aquilo como ruim. Para ele é normal certas coisas. "Errado é você, cara-pálida, por não me entender".

Relevar? Deixar pra lá? Não tenho vocação para Jesus Cristo, meu amigo. Sou correto contigo, porra, o mínimo que espero de você é a mesma postura.

Honestamente, seria hipócrita se dissesse que não me importo. É claro que me importo. Mesmo entendendo que todo mundo erra de vez em quando, inclusive eu, dar um voto de confiança é aceitar o que a pessoa fez. Se amanhã ou depois fizer de novo, não vou poder reclamar. E, do meu ponto de vista, se você me foder da primeira vez é porque me enganei contigo desde sempre.

Poucas vezes me decepcionei com pessoas próximas. Muitas delas se perderam de mim depois disso, mostrando a sua cara. Outras se arrependeram e continuaram na minha companhia.

Curiosamente, a minha decisão é até hoje questionada por eles. Não estou aqui para passar a mão na cabeça de ninguém, mas sinto que, mais cedo ou mais tarde, vou precisar ceder um pouco. Sei lá.

Houve uma época em que caráter era essencial para a vida em sociedade. Hoje, "eventuais desvios" passaram a ser considerados normais.

Definitivamente eu vivo no século errado.

São Paulo, 27 de Abril de 2009. 03 dias e contando.

* Por motivos pessoais, não postei nada no Sábado nem no Domingo. Não vou compensar. Segue penúltimo capítulo.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 16

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 16: "O tempo destrói tudo."

O amor move montanhas. Quantas vezes você ouviu ou leu baboseiras iguais a essa? Acredita mesmo nisso? Que um amor so-called 'verdadeiro' resiste a tudo? Por quê?

E se o seu amor não for suficiente? E se essa outra pessoa (mulher, homem, bi, tri, tetra), que jurou te amar, na verdade gostava mesmo era da sua companhia? E se era amor mesmo, mas era menos e você não sabia? Poderá este amor unilateral "mover" as tais montanhas?

Quer saber o que penso? Sim e não. Relutei muito se deveria ou não escrever este texto, mas não seria um retrato fiel se não fizesse. Serei breve, para não remoer sentimentos.

Refiro-me a forma até hoje inexplicável como terminei a relação mais duradoura e fascinante que tive: meu noivado com a Paula.

Sempre achei que éramos felizes. Eu, pelo menos, posso afirmar que fui. Ela também foi, mas talvez não da mesma forma. Prefiro não julgá-la. Paula e eu nos conhecemos na CSU/Natura, como já contei anteriormente.

Durante quase quatro anos vivemos tudo o que um casal poderia viver, exceto as brigas. Raramente brigávamos. Apenas discussõezinhas rídiculas que terminavam com a mesma velocidade com que começavam. Nunca ficamos mais que algumas horas 'de mal'. Quem sabe não estava aí o problema, né? Bem, não faz mais diferença.

Era uma Sexta, como hoje, e eu tinha ido buscá-la no trabalho. Ela estava feliz, nos beijamos e trocamos juras de amor. Cada um na sua casa no fim de semana e quando nos revemos, ela já estava estranha. Na Quinta-Feira seguinte ela me contou que não sabia mais se me amava ou não. Era o fim que eu tanto temia.

Ela nunca demonstrou nenhum desinteresse, nunca reclamou de nada, então, amigo, imagina a minha surpresa. E o meu desespero.

A Paula foi a minha vida, meu tudo. Não sei o que pode ter acontecido, aonde nos perdemos. Não sei precisar se fiz tudo o que deveria ter feito, mas fiz o que consegui fazer. Ela era quase uma criança perto de mim. Invertemos os papéis no final. Acho que diminuímos, quando crescemos. Sei lá, éramos tão diferentes dos outros, tão perfeitos, tão melhores. Caímos.

Ela foi quem eu mais amei. Nunca senti nada parecido. A minha surpresa deu lugar a decepção nos meses que seguiram aquela semana. Não podia crer que era a mesma pessoa.

Por que cargas d'água isso aconteceu conosco, nunca saberei. Nem quero mais. Águas passadas. A lição que tirei dessa história toda é que não posso mais entrar de cabeça em um relacionamento. Talvez ter um pé sempre atrás e estar preparado para o pior nos deixe seguros sobre aproveitar o hoje.

Perdemos os dois, eu acho. Só que eu já percebi isso. O que vai ser de nós? Não sei. Só sei que um dia amei essa menina com tudo o que eu tinha e descobri que amor só não era suficiente. Preciso de tempo para descobrir o que não fazer daqui pra frente.

Até lá, minha loira, ficam as lembranças e os sonhos perdidos no caminho.

Ainda estou aqui. E ainda te amo muito.

São Paulo, 24 de Abril de 2009. 06 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 15

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 15: Enxergamos melhor quando abrimos ou quando fechamos os olhos?

Vamos imaginar que existam apenas dois grupos de pessoas no mundo. Não importa a etnia, idade, sexo, cor ou credo. Duas espécies. Chamemo-las por ora de "grandes" e "pequenos".

Os grandes, em maior número, acreditam que são superiores por conta da sua habilidade de conseguir o que querem, quando querem, sem precisar esforçar-se muito para isso.

Cheios de certezas, não percebem o mundo como ele realmente é e sim como creem que deve ser. O que dizem passa a ser verdade, pois todos adoram ouvi-los.

Os pequenos, 'esses fracos', em minoria, são desprovidos desse excesso de confiança, sabem que não podem competir com os grandes, mas não sentem-se inferiores por causa disso.

Há muito tempo eles entenderam que é impossível vencer essa batalha. Por outro lado, sentem-se orgulhosos por ter o que os outros não tem, ainda que não saibam descrever o que é.

A diferença principal entre os dois grupos é que o segundo já percebeu que as coisas que realmente importam não nos salta aos olhos. Acho que agora entendeu o que quero dizer.

Se eu perguntar a vocês qual grupo é o seu, aposto como a maioria vai dizer que é o segundo e expor uma série de motivos pessoais para isso. Não importa se o que diz é verdade ou não. Quem ou o quê define essas coisas? Você sente, sabe, acabou e pronto.

Somos nós que fazemos a nós mesmos. Algumas pessoas ainda não entenderam a valorizar seus próprios sentimentos e apegam-se as idéias dos outros para sentirem-se parte de um determinado grupo. Conheço muitas pessoas assim.

Ouço o que têm a dizer, mas não pego aquilo como verdade. Não duvido, nem desduvido, apenas não deixo que me digam o que tenho que fazer ou deixar de fazer. Saber o que você é o primeiro passo para a felicidade, creio.

Certo ou errado, tanto faz. Prefiro defender aquilo que penso e sinto a me submeter a dogmas criados por quem não me conhece. Não há nada melhor da vida do que sentir-se seguro da sua postura.

A vida em sociedade nos obriga a conviver com certas coisas, mas você não é obrigado a segui-las. Entenda isso. Viva a sua vida da forma que acha que é correta, respeite seus sentimentos e aprenda, de uma vez por toda, que você é único e não precisa aceitar as verdades dos outros como suas. Deixar-se levar pelo que os outros acreditam é morrer um pouco.

Mantenha-se vivo. Ouça o seu coração e respeite quem o faz. Grande ou pequeno, não importa. Apenas aprenda a dar valor as coisas e as pessoas que te fazem bem.

Mais cedo ou mais tarde você vai entender isso. O que precisa pensar é no que fará até que isso aconteça.

São Paulo, 23 de Abril de 2009. 07 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 14

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 14: Sem palavras.

Poucas pessoas tem tanta importância na minha vida quanto minha avó Maura e meu avô Valdemar. São eles meus pais verdadeiros, pois tiveram a tarefa não muito simples de me criar e educar. Graças aos dois e aos meus tios, hoje sou o Homem que sou.

Com pouco mais de 6 meses de vida a minha mãe me deixou na Bahia para ser criado por eles. Não poderia ter feito coisa melhor. Devo tudo o que sou aos dois.

Talvez, se tivesse sido criado com ela, aqui em São Paulo, não teria metade das qualidades que tenho. Primeiro, porque a minha mãe sempre trabalhou fora, nunca parou muito em casa para cuidar de ninguém, por mais que quisesse e sei que sempre quis. Não teria a atenção, o carinho e os 'puxões de orelha' que recebi.

Segundo, porque a falta de opções e recursos que tínhamos em Paramirim ajudaram a fazer com que eu aprendesse a valorizar mais o que realmente importa nessa merda de vida. Coisas que os olhos não podem ver, saca?.

Em Sampa, com todas as possibilidades por perto, não teria me esforçado tanto, acho.

Meus avós sempre foram pobres e honestos e sempre trabalharam duro. De família humilde e sofredora, Dona Maura começou a pegar no batente ainda criança, na roça. Ao longo da vida, ela me contou diversas histórias tristes e emocionantes de luta e sofrimento. O mesmo aconteceu com Seu Valdemar. Passaram a vida buscando meios de dar aos seus filhos e netos o que não tiveram. Sofreram muito, muito mesmo, para conseguir o pouco que conseguiram e nos fazer pessoas de bem. Heróis anônimos de um país que não olha para o seu povo.

Vocês souberam como ninguém me lapidar. Conseguiram fazer daquele moleque loirim, cabelo de "sopeira" um Homem inteligente, de caráter e de coração bom. Um cara de personalidade forte, às vezes difícil de se lidar, mas vocês conseguiram fazer com que eu absorvesse a quantidade exata de idéias para crescer mentalmente sadio.

Não foi pouca coisa, ainda mais pelas nossas condições. Lembro-me ainda das surras que levei e apesar das minhas malcriações, sempre soube que as merecia. Me desculpe se os ofendi em algum momento. Fui um tolo, mas quem não é, naquela idade?

É muito difícil mensurar a importância real de uma pessoa querida, por mais que tentemos, mas depois que vim para cá é que comecei a entender o que eles tinham feito. O quanto foram (e são) importantes. Sei que dei muito trabalho à eles e falhei em não ser o que sonhavam para mim, com relação aos estudos. Mas sintam orgulho, porque sou o Homem que esperavam que eu fosse.

Graças a Deus os dois ainda estão vivos e rezo para que continue assim por muito mais tempo. Não sei o que seria de mim sem vocês.

Não há palavras suficientes para descrever o que sinto, nem tempo o bastante para agradecer. Quero que saibam que os amo e não vou decepcioná-los.

Homem de bem. Graças à vocês. Muito obrigado.

São Paulo, 22 de Abril de 2009. 08 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 13

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 13*: Vício.

Vício é mesmo uma merda, não? Nada em excesso presta. Nem mesmo sexo. A necessidade daquilo te mantém preso, sem ação.

Nunca me considerei um viciado em nada, mas ultimamente voltei a fumar e isso já está me enchendo o saco. Comecei a fumar por acaso, há muito tempo atrás e só parei por um motivo maior. Bem maior. Parei por causa da Paula.

Durante os quase 4 anos em que estivemos juntos não coloquei um cigarro sequer na boca. Nem vontade sentia. Troquei o vício do tabaco por ela.

Achei que já tinha superado essa porra, mas desde que terminamos, voltei a fumar. Nada muito sério, um cigarro aqui, outro ali. Nas últimas semanas, infelizmente, com um pouco mais de frequência. Mas como parei do nada, sem esforço, vou parar em breve, tenho certeza.

O cigarro é o meu único vício. Já usei drogas, já bebi bastante, mas este é o mal que ainda resiste, que vira e mexe me procura.

Tenho colegas que entraram forte nas drogas e principalmente bebida e hoje não conseguem mais largar. Me considero tranquilo o suficiente para dar um basta quando bem entender e quero isso logo.

Sem contar os que são levados à experimentar pelos amigos, tenho por mim que a maioria das pessoas se prende à um vício por pura falta de vergonha na cara.

É sem dúvida o meu caso, com relação ao cigarro. Não tenho motivos para fumar. Não acho muita graça, nem sinto o 'fabuloso sabor dos fumos especiais' blá blá blá. Fumo por falta de um bom soco na cara!. A minha vida não é lá essas coisas, mas não há nada nela que seja desesperador ou que não tenha solução à médio prazo. Não há motivos para manter vício algum.

Fumo porque sou um babaca, que às vezes acha que é preciso ter algum vínculo fora da normalidade de uma vida comum para não ficar louco. Um tonto, como costumo me referir.

Nunca me importei muito com a idéia de ficar mais velho, mas, de alguma forma, chegar aos 31 me abriu os olhos para uma série de coisas que preciso mudar. E essa é uma delas.

São Paulo, 22 de Abril de 2009. 08 dias e contando.

* Este 'capítulo' era para ter sido postado ontem, 21/04, mas decidi tirar o 'dia de folga' para dormir, descansar, ouvir música, ver filmes antigos e torcer pelo meu Verdão.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 12

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 12: BROTHERHOOD.

Hoje é aniversário do Léo, meu irmão. Quero aproveitar para falar sobre ele e minhas irmãs, parte significativa da minha vida.

Irmão é um troço que não dá pra escolher, não é mesmo? Às vezes recebemos coisas boas, às vezes coisas ruins, mas de qualquer forma não dá pra se desfazer depois. Ele ou ela será seu irmão(ã) para sempre. Eu tive a sorte de receber só pessoas boas como irmãos.

A minha mãe, danada, casou duas vezes. Do primeiro casamento surgiu esse que vos escreve. Do segundo, Rosângela, Rosineide e Wellington. Além disso, o meu pai casou de novo e teve Lívia, minha outra irmã. Sobre os três primeiros eu falo agora, mas como não conheço a Lívia, não terei como falar sobre ela. Me desculpe, anjo.

Rosângela, a Rô, foi a primeira a chegar, quase três anos depois que nasci. Nos conhecemos já pré-adolescentes, mas só viemos a criar vínculo como irmãos quando vim para São Paulo. Menina maluquinha, me apresentou Racionais MCs e ao mesmo tempo ficava comigo nas noites, cada um numa caixa de som (lembra disso?) ouvindo o Love Songs, da Rádio Cidade e pensando cada um em seus interesses amorosos. kkk

Aprontava que só uma beleza, mas agora, mãe de família, parece que aquietou um pouco. Me lembro até hoje do dia em que eu saía do Macedo, onde estudávamos e me deparei com meia Barra Funda em pé de guerra. Qual foi a minha surpresa quando alguém disse: "Xíí, Denis, não é a tua irmã ali no meio do 'bolo'?". Era. Parece que a Rô tinha mexido com o namorado de uma menina ou ao menos a menina achava, enfim, e veio tirar satisfações.

Por tirar satisfações, na Barra Funda daquela época, entenda-se juntar tudo quanto é moleque que estava no bairro sem fazer nada e espancar alguém.

A Rô foi a escolhida do dia. Fui tentar tirar ela do meio e tomei porrada pra cacete, sem saber de onde elas vinham e sem entender porque estava apanhando.

Ela tomou alguns tapas, mas não aprendeu muito. Anos foram necessários para que tomasse juízo e crescesse. Não vai ficar brava só porque contei, hein? rs

Sou completamente louco por ela! Minha irmã, que eu amo tanto e que me ajudou sempre que precisei.

A segunda a vir foi Rosineide, a Neidinha. Cholocate com pimenta. Um doce, mas brava que só ela.

Passou por maus bocados, mas, forte como é, já está dando a volta por cima. Como ela morou na Bahia comigo, tive mais contato com ela. Me vem à mente agora o dia em que, ensinando ela a andar de bicicleta, 'quebrei' sua clavícula.

Digo 'quebrei', porque foi tudo culpa minha. Não tinha nada que ensiná-la daquele jeito, esperando que ela aprendesse na marra. Tadinha.

E o pior foi volta pra casa (rs). Lembra disso, sis? O medo de apanhar porque tinha levado ela pra rua... Nem me lembro o desfecho da história, mas garanto que ninguém ficou feliz comigo. kkk

Wellington, o Léo, é o mais novo da turma, apesar de hoje ser maior do que eu. Foi quem conviveu mais tempo comigo. Viveu tanto lá que hoje, queimado de sol, é o negão da família rsrs.

Outro que tem história tragicômica comigo, pra variar. Lembra do 'tampão' que abriu embaixo do dedão do seu pé no asfalto?. Me culpa.

Amo todos vocês e serei eternamente grato a Deus pela honra de ser seu irmão.

Vida longa à todos nós!

São Paulo, 20 de Abril de 2009. 11 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 11

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 11: A tênue linha que separa a vontade lembrar e a necessidade de esquecer.

Penso em você o tempo todo.

Por mais que eu tente, não consigo deixar de lembrar, não consigo deixar de sentir. Eu amo você. Sempre amei.

Tenho muita saudade do tempo que passamos juntos. Fomos muito felizes. Hoje luto pra te esquecer, mas não há nada que eu faça que me livre de pensar em você. Longe ou perto, já é parte de mim.

Saio, viajo, danço, bebo, fumo, faço o escambau, mas você continua lá, intacta, dona de meus pensamos e sentimentos. Dona de mim.

Acabo de chegar de Campos do Jordão e a exemplo do aconteceu na semana passada, voltando de Penápolis, você estava lá, ao meu lado.

Vejo o seu rosto na paisagem, lembro de seu sorriso lindo e seus olhos que me faziam sentir especial. Coloco a mão pra fora do carro e o vento passando por meus dedos lembra o seu cabelo, lindo e loiro, fio a fio escorrendo por entre meus dedos, como quando dormíamos juntos.

Não vai ser tarefa das mais fáceis te esquecer. Hoje é preciso, pois há algum tempo tem se mostrado alguém completamente diferente do que mostrou pra mim, mas ainda não estou pronto pra deixar você ir embora.

Já não sonho com você como antes e isso me entristece. Tenho medo de que aquilo realmente tenha acontecido, foi real, você foi embora, assim sem mais nem menos e me deixou só.

Eu fiz por você mais do que a maioria faria por qualquer uma e teria feito muito mais se não tivesse me abandonado.

Sinto a sua presença em cada passo que dou, para frente ao para trás. É realmente uma pena que tenha perdido o seu rumo.

Espero que o recupe logo, não sei por quanto tempo vou continuar. Ainda temos muito o que viver.

Penso em você o tempo todo.

São Paulo, 19 de Abril de 2009. 12 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 10

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 10: Viver pouco como um rei ou muito como um zé?

"What shall it profit a man to gain the whole world and lose his soul?"

Como quer ser lembrado, quando partir? Como uma pessoa que viveu lutando pelo que acreditava ou como aquele que iludido pelo que não conhecia perdeu seu caráter, sua alma? Não sei quanto a você, mas eu não estou nesse mundo à passeio. Fui criado para ser um Homem. Caráter é tudo o que eu tenho. Não aceito menos de quem se propõe a dividir a vida comigo, seja homem ou mulher.

Tomei muitas pauladas por defender aquilo em que acreditava. Abri meu coração à quem quisesse entrar e por diversas vezes fui apunhalado. Com o tempo você fica descrente, perde a fé nas pessoas. Depois percebe que sua atitude foi correta e aquelas pessoas que o tratavam bem, abraçavam, beijavam, sorriam para você, nunca foram o que imaginava. Enganado, passado para trás, você cria personagens e situações para tentar tolerar aqueles que abusaram da sua confiança e te machucaram.

Mas é perda de tempo. Eu estava certo. As pessoas não mudam da noite para o dia. Não há como esconder quem você é por muito tempo. A máscara cai e o que sobra, imundo e sem graça, é o que você é. Tenha vergonha de você mesmo. Eu teria.

Não sou santo. Fiz muita merda nessa vida, magoei muitas pessoas, mas nunca lhes deixei acreditar que eu era algo diferente do que sou. What you see is what you get. Bem ou mal. Não preciso me esconder, nem tenho medo de nada. Se eu não for com a sua cara, fique certo de que jamais receberá de mim mais do que um aceno, lá de longe. E se eu for, não terá amigo melhor, garanto. Mas não me sinto na obrigação de gostar de você. Simples assim.

Veja esse caso, por exemplo. Trabalhei uma década com o mesmo chefe, um senhor de 76 anos que me ajudou bastante quando cheguei na cidade, pagando cursos e salários acima da média, só por me achar digno de sua confiança e aposta.

Sou muito grato à ele por isso, entretanto, trata-se de uma pessoa que não morre de amores pelo ser humano em si.

Certa vez me falou que "era assim e quem não aceitasse aquilo que saísse de perto". Sincero. Respeito quem sabe o que é. Intolerante com falhas e às vezes desrespeitoso com subalternos, suas atitudes me ajudaram a entender que há coisas que passam despercebidas, mas que moldam a sociedade em que vivemos. A necessidade faz com que criemos formas de lidar com essas coisas, mas saber o que você é faz com que não se contamine.

Outra coisa, eu não tenho raiva da polícia, como muitos colegas meus. É uma entidade importante para o funcionamento dessa joça. A polícia mete medo e medo é melhor do que respeito em posições de autoridade. Além do mais, em todos os setores há corrupção.

Hoje em dia é quase uma necessidade ser corrupto.

Dois tios meus foram presos em períodos diferentes. O primeiro porque se deixou iludir por colegas, o segundo porque estava no lugar errado, na hora errada, com a pessoa errada. Quem merecia mais, pela lição, ficou só um dia preso. O outro, inocente de tudo, quatro meses.

Era para eu ter raiva da polícia? Tive raiva deles! Ambos homens de bem, que caíram por acreditar em quem não era digno de cofiança. Eu acho, sem hipocrisia, que se você fez coisa errada, tem mesmo que ser punido. Por isso escolho em quem confiar e (quase) sempre acerto. Não me misturo só para 'enturmar'.

Cheiro nêgo pilantra à quilômetros de distância, por isso não fiz amizade com alguns de seus amigos. Simpático sempre, mas não me misturo. Só quando cair, entenderá meus motivos.

A vida é sua, lógico, faça o que quiser, mas não me procure para limpar a merda que outros fizeram, porque eu te alertei. Estarei ao seu lado para o que der e vier, por toda a vida, mas não passo a mão na cabeça de quem não sabe usá-la.

Você me conhece.

São Paulo, 18 de Abril de 2009. 13 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 9

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 9: A diferença entre dizer que sente e sentir de verdade.

Oh, se você soubesse pelo que tenho passado... se soubesse o que tenho feito... se soubesse o que deixo de fazer. E tudo por você.

Difícil dar soco em ponta de faca, já tentei, mas essa dor específica, que incomoda tanto, já não é suficiente para me fazer desistir.

Não costumo desistir daquilo que acredito. E eu acredito em você. Nunca deixei de acreditar.

Qualidade ou defeito, não importa. O importante é que saiba, de uma vez por todas, que vai precisar se esforçar mais do que isso se quiser que eu desista.

Não vou dizer que não dói, porque dói pra caralho, mas sei o que me espera. Sei que vale a pena. É o que me motiva.

É óbvio que estou decepcionado, não existe explicação plausível para o que aconteceu. No entanto, quem disse que precisa ter?

Um dos principais motivos de escrever 20 histórias sobre a minha vida é me livrar de parte do peso que é carregá-las. Devia experimentar.

Não vou viver para sempre. Nem você. Por que perder tempo, se fizemos tão bem um para o outro?

Falem o que quiserem de mim, me chamem de tudo o que tiverem vontade, mas nunca, jamais!, poderão dizer que eu não lutei.

Eu nunca deixei de te amar.

São Paulo, 17 de Abril de 2009. 14 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 8

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 8: Mr. Lonely?

Sou um cara 'sociável', como diz a Paula, mas a solidão sempre me perseguiu. Faz parte da minha vida. É uma merda.

A minha mãe me entregou para a minha avó criar quando tinha apenas 6 meses de idade. Sempre soube da existência dela, mas só fui conhecê-la aos 9 anos. Nunca conheci o meu pai. Meus irmãos, só depois de anos.

Por ter nascido não muito bonito e ter crescido gordinho e pobre nunca tive amigos, exceto o André.

Passei boa parte da minha infância vendo televisão ou 'socado' no quarto, filosofando sobre os motivos disso tudo.

Não houve muita mudança já adulto, em São Paulo. Senti na pele o preconceito por tudo isso e pela minha origem.

Conheci muitas pessoas, fiz muita coisa, mas nunca me senti parte de nada. De certa forma, ainda não sinto. À parte, vivendo em meu próprio mundo... me sinto o Bobby (rs).

As coisas mudaram bastante quando comecei a namorar firme e depois que o tal namoro virou noivado. Aqueles dias, com ela, foram sensacionais também por causa disso.

Quando ela decidiu acabar com a nossa história da mesma forma como começou (do nada), meu mundo desabou. Porra, não sabia o que fazer. Tinha entrado completamente naquela história. Cabeça, tronco e membros. Achei que seria maduro o suficiente para encarar aquilo e me reerguer, mas gostava (e gosto) tanto dela que só agora começo a 'respirar' novamente.

Continuo sozinho e pior, me sinto sozinho, mas a minha vida é tão corrida que eu não tenho muito tempo pra pensar nisso.

Sei lá, às vezes penso que talvez seja até um coisa boa, saca? Não pensar em algo não significa que ele não exista, mas que ajuda a não se importar, isso ajuda.

O problema, como sempre me lembra o Luiz, é a porra do Domingo às 6 da tarde. Cansado da balada que varou a noite anterior... depois de almoçar tarde e assistir ao futebol... entendendo que o fim de semana acabou e que no dia seguinte tem que trabalhar... fuck!, não há nada mais depressivo do que às seis da tarde do Domingo. Nada. É em momentos como aquele que percebo que sozinho nada tem graça. Sozinho nada faz sentido.

Eu preciso estar 110% do meu tempo ativo, para não me lembrar de que vivo sozinho. É por isso que estou (quase) sempre 'ligado', falando e fazendo merda. Esse Denis, às vezes triste, às vezes sério, nunca lhes foi devidamente apresentado, por isso muitos de vocês me escreveram assustados quando leram algumas das coisas que escrevi.

Não se preocupem, vou ficar bem. A solidão me acompanha há tanto tempo que acabo criando um jeito de não me importar tanto.

Mas me importo. Muito.

São Paulo, 16 de Abril de 2009. 15 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 7

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 7: Amigos.

O que é um amigo para você? Amigo para mim é aquela pessoa com quem posso contar para qualquer coisa, à qualquer hora. Que está ao meu lado sempre, para o que der e vier. Sem amarras. Sem interesses.

Em quase trinta e um anos de vida eu tive apenas cinco amigos. Cinco. Conheci muitas pessoas e tive grandes companheiros de escola e trabalho, mas somente eles se encaixaram na descrição acima.

André, Joel, Cristina, Paula e Luiz.

André cresceu comigo em Paramirim. Meu único e verdadeiro amigo de infância. Morávamos perto e mesmo depois que mudei de casa, no final de 1986, ele permaneceu sendo meu parceiro até a minha vinda para São Paulo. Passamos muita coisa juntos, incluindo aí o falecimento de sua mãe, Dolores. Um grande amigo. O revi apenas uma das três vezes em que voltei à cidade, mas ainda continua o mesmo. Impressionante como caráter é um troço que não se perde com o tempo.

O Joel foi meu primeiro amigo em Sampa. Estudamos juntos no Alarico. Porra loca, como eu, ele acabou se tornando um dos principais responsáveis por minha 'adaptação' a cidade. Em contrapartida, foi também o responsável por me apresentar às drogas. O que fiz depois, lógico, foi opção minha. Nada que apague o que a amizade dele representou pra mim. Perdi contato quando o infeliz saiu da Praça Marechal Deodoro e foi morar na divisa de São Paulo com Diadema, lá na casa do caralho. Na última vez em que nos falamos - a long time ago - soube que estava na faculdade, querendo virar enfermeiro e ir morar nos Estados Unidos. Espero que tenha conseguido.

Cristina Flohr, a Cris, foi um caso diferente. Nos conhecemos no treinamento da CSU/Natura, onde ela ficou apenas 3 meses. Mas mantivemos contato por muito tempo depois disso, o que não aconteceu com a maioria das pessoas com quem trabalhei ali. Dividimos muita coisa e ela me ajudou nos dois momentos em que tomei no nabo por causa de mulher (rs). A Cris é sensacional, merece muito ser feliz e terá em mim sempre um amigo pra toda hora.

Namorada, noiva, mulher, amante, amiga. A Paula foi tudo isso. Dividimos muito mais que uma cama e alguns sonhos. Dividimos nossas vidas. Alegrias, tristezas, inquietações, segredos. Nunca me senti tão seguro em compartilhar algo com alguém como com ela. E pelo que ela me disse, quando ainda estava "sóbria", a recíproca era verdadeira. Até hoje eu não entendo que diabos aconteceu com ela!. Minha grande companheira. Com problemas que só dividia comigo. Fiz o que pude, acho. Paciência.

Last but not least, Luiz Fernando. Mr. Come Original. O Luiz é meu irmão mais novo. Moleque gente boa e que sabe valorizar a nossa amizade. Além disso, porra, meu principal parceiro de baladas e descaralhadas. Também nos conhecemos na CSU. De família humilde e nordestina como a minha, ele aprendeu desde sempre a valorizar as coisas que realmente importam. Mano, conte sempre comigo, seja para ouvir problemas e curá-los na balada, seja para viajar 500km interior adentro só para certificar-se de que está fazendo a coisa certa.

Não preciso de um milhão de amigos. Preciso só de uma meia dúzia daqueles de verdade.

André, Joel, Cris, Paula, Luiz. Muito obrigado.

São Paulo, 15 de Abril de 2009. 16 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 6

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 6: Sonhos e desilusões: Porque vim para São Paulo.

A maioria das pessoas com quem converso e convivo acha que eu vim para São Paulo porque, bem, "você é nordestino e como todos eles, achou que 'ganharia a vida' na cidade grande...". Puro preconceito!. Não me encaixo nesses padrões. Sou comum, mas não sou igual aos outros. Não vim aqui na carroceria de um caminhão, nem pra cortar cana, nem para vender coquinho na feira para paulistas. Vim aqui porque tinha um sonho. Essa é a minha história.

Nasci numa cidade pequena, no interior da Bahia. Sou de família pobre, mas honesta!. Nunca me faltou nada. Nem carinho. Nem amor. Coisas eu consigo sozinho!. Fui criado pra ser um Homem, assim mesmo, com "h" maiúsculo, não um moleque. Engana-se hoje quem acha que eu sou um idiota só porque gosto de brincar e falar merda. Não me subestime. Nem me compare com seus amigos. Você não me conhece o suficiente.

Eu sou um Homem de caráter e não quero nada que seja seu. Absolutamente nada. Quero que me respeite. Só isso. Respeite o que eu sou. O que penso. O que sinto. Meus sonhos, ainda que esbarrem nos interesses de outras pessoas, não vão te prejudicar. Não precisa se preocupar. Abaixe a porra da guarda, porque não quero o seu mal.

Vim à São Paulo porque sonhava em me tornar uma pessoa melhor. Ridículo? Foda-se! Não devo nada à você. Achei que aqui, andando com as minhas próprias pernas, eu conseguiria entender o motivo de estar nesse mundo. Do porque tive (e tenho) que passar pelas coisas que passei (e passo). Porque minha dor era necessária. Vim aqui descobrir porque vale a pena fazer certas coisas.

Cheguei no dia 24 de Dezembro de 1994. Véspera de Natal. A cara, a coragem e meu sonho na bagagem. Fui tratado como lixo pelas empresas por onde passei. Fumei mais maconha do que pode sonhar na vida. Conheci meia dúzia de pessoas boas e uma tonelada de pessoas ruins. Beijei, trepei, chupei e lambi. Fiz muita merda e muita coisa boa. E apesar de hoje não fazer nenhuma diferença pra ela, amei com tudo o que tinha. Incondicionalmente.

Sonhos, assim como pessoas, vem e vão. Me sinto infeliz pela perda das duas coisas. Pela perda da minha esperança. A vida em São Paulo me mostrou que nem sempre vale a pena lutar. Quer você queira, quer não, a vida vai sempre dar um jeito de foder as suas ambições. Tomei tombos cinematográficos e descobri que não importa o quanto você se importe, pois algumas pessoas simplesmente não se importam, como disse Shakespeare.

Não sou nem metade do Homem que sonhei ser. Mas só bem mais do que você jamais vai encontrar. Aqui ou em qualquer lugar. Espero que passe pelo que passei, miserável, para entender a dar valor as coisas e as pessoas que realmente importam.

São Paulo, 14 de Abril de 2009. 17 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 5

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 5: A dor. Minha eterna companheira.

Quando chegamos à uma certa idade (rs), com muitos problemas na cabeça, passamos a esquecer detalhes insignificantes como nomes e datas. Não me lembro quando isso aconteceu, mas era moleque e ainda morava em Paramirim.

Era um Sábado. Estava nas obras do que viria a ser o Roseirão, um 'campinho' cercado, chamado de estádio pelo pessoal de Durval Leão, prefeito na época. Não tinha gramado ou arquibancadas, o que só aconteceu anos depois. Cidade pequena, interior da Bahia. É, pra nós era um estádio mesmo.

Passei boa parte da tarde ali, vendo os últimos preparativos para a inauguração. Não lembro também qual foi o jogo de abertura, mas tenho quase certeza de que a 'seleção' da cidade perdeu. Anyway.

Já era tarde, quase 7 da noite e todos estavam indo embora. O Roseirão não fica lá muito longe da minha casa, como tudo numa cidade pequena. No entanto, a besta aqui, moleque, quis porque quis ir na carroceria do Ford Pampa. Fui, tonto que sou e ao chegar em frente à minha casa, o motorista (também não lembro quem) perguntou se eu iria descer.

"Pô, tá gostoso andar aqui em cima, vou mais um pouco depois volto", pensei. Como eu disse, moleque. Falei que desceria mais pra baixo e desci em frente a casa de Buim.

Ao lado, havia um terreno baldio e Neném, o zoinho, dono de uma borracharia estava queimando pneus velhos nesse terreno. Muitos garotos que eu conhecia estavam lá, brincando com aquilo. Não quis ficar pra trás e fui ao encontro deles.

A fumaça era densa, o cheio insuportável, mas, por algum motivo que Deus ou o Diabo sabem, eu precisava ir lá. Precisa mexer com aquela merda daquele fogo. E fui.

À princípio só olhava, mas com o tempo comecei a chegar mais e mais perto, ver o que os outros faziam e querendo fazê-lo também.

Tudo estava bem, até que um garoto mais velho, bem filho da puta, começou a 'cutucar' a porra da borracha perto de mim. De repente, o inferno!.

Só vi aquele fogo todo, vindo na direção do meu rosto e desviei, mas não salvei meu braço. O palhaço, no que cutucou, acabou jogando um pedaço considerável de borracha de pneu queimada (e ainda queimando) em mim.

A minha sorte é que eu estava sem camisa, com a regata na cintura. Se estivesse vestido, teria me queimado todo.

Enfim, saí correndo, desesperado, chorando e sentindo muita dor. Chegando em casa, susto em todos, que correram pra tentar me ajudar. A minha tia Adelice, sabe-se lá Deus porque, quebrou um ovo e jogou no meu braço.

O ovo FRITOU ali mesmo, no antebraço. Juro por Deus. Como disse, não sei porque ela fez, mas, meu, aquela imagem me deixou mais assustado ainda. E aquela porra queimava. E aquilo doía. Horrível. Quase não dormi.

No outro dia, fomos ao hospital. Passei meses sendo ridicularizado na escola (é só pra isso que essas instituições servem mesmo), inventaram apelidos, fizeram piadinhas. E eu, fudido, com aquela porra daquele braço praticamente imobilizado.

Às tardes, em casa - se quiserem rir, dane-se - a minha avó coloca uma folha de bananeira verde, no meu suvaco, para evitar que a pele queimada do braço grudasse na pele queimada do resto do corpo.

A pele se recuperou e hoje tenho só as cicatrizes, pra me lembrar que 1) menino, sai de perto do fogo e 2) eu só me fodo nessa merda dessa vida!

Um dos momentos mais filhos da puta que passei. Jamais esquecerei.

Nunca mais cheguei perto de fogo algum (rs), mas continuo me fodendo. Não é mesmo?

São Paulo, 13 de Abril de 2009. 18 dias e contando.

P.S.: Peço desculpas pelos palavrões, mas, por acaso (e só por acaso) estou meio puto nesse momento pelos mesmos motivos de sempre. Mas não deixarei de escrever as histórias. 20 delas. Até o aniversário. Para que todos saibam quem eu fui e o que fiz. E me esqueçam, se quiser, mas não esqueçam o que fiz, como muitos fizeram. Minha história. Meu epitáfio. Abraço à todos!

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 4

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 4*: I'm only happy when it rains.

Existem coisas na sua vida que você não consegue explicar. Na minha, é essa história da chuva. Sou completamente, absurdamente fascinado pela chuva. Parece bobo alguém escrever sobre isso, mas não seria um relato sobre meus 31 anos se não falasse sobre a minha relação com ela.

Adoro dormir com chuva, vê-la pela janela, ouvir seu barulho, sentir seu cheiro e, principalmente, andar em dias chuvosos. Sem guarda-chuva. Sentir a chuva caindo sobre mim é como ter contato com algo maior. É como me purificar das merdas que esse mundo me proporciona. I'm a rainwalker, babe, and I'm happy with that.

Depois de tanta coisa boa e tanta coisa ruim, eu preferia não falar tanto na minha "ex-noiva", pra não ficar remoendo sentimentos, mas não há muito como separar as coisas. Há um momento bacana e naive que eu gostaria de dividir com vocês. Era um Domingo como tantos outros. E como tantos outros, eu estava na casa dela, na Zona Leste.

Chovia e conversámos deitados na cama, enquanto minha "ex-sogra" jogava solitaire no computador. Em cima da janela dela (acima, no prédio, lógico) há uma luz. E essa luz proporcionou um momento bobildo, mas que permanecerá na minha memória por muito tempo.

A minha "ex-noiva" é fã da trilogia Star Wars e tudo o que a cerca. E isso completou o cenário. Coloquei a minha cabeça pra fora da janela, pra fazer um gracejo e percebi que as gotas de chuva, com aquela luz, pareciam as cenas de SW, quando as naves entravam na velocidade da luz.

Pode rir, é bobo, mas esse episódio ajudou a alimentar na minha mente esse fascínio pela chuva e, claro, me mostrou pela enésima vez o quão gracioso era o meu relacionamento com aquela menina.

Sempre fui muito molecão e ter encontrado alguém com o mesmo perfil foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.

Passamos horas ali, olhando aquilo e por alguns momentos, raros, percebemos o que nos mantinha juntos. Fomos felizes ali, naquele momento, como em tantos outros.

Só me sinto tranquilo e feliz quando chove. Fato. É um momento especial pra mim. Mágico.

Sou baiano só de nascimento, pois não gosto de sol, calor, axé e carnaval. Gosto de frio, dia nublado, rock 'n roll e chuva. Garoa, tempestade, não importa. Chuva.

Assim como a televisão supriu a falta de amigos quando era mais jovem, a chuva preenche o espaço que a falta de algumas pessoas fazem.

Pode rir. Eu não ligo. Sou um cara comum. E não há nada mais fantástico do que saber aproveitar a beleza de ser absolutamente normal.

São Paulo, 13 de Abril de 2009. 18 dias e contando.

* Este capítulo deveria ter sido postado ontem, 12/04, mas devido à um desvio bacana de quase 1.000km, está sendo agora.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 3

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 3: Para sempre é muito tempo.

"Não estava aqui ontem à noite e não consegui dormir. Estará aqui esta noite?"

Sabe aquela sensação ruim e frustrante que você tem quando acorda de um sonho bom e incrivelmente real? Estou com essa sensação há seis meses. Mas esta é outra história. Para um outro dia.

Hoje quero falar de coisas boas. Quero começar a falar do relacionamento que foi, por si só, o maior e mais importante evento de toda a minha vida. Veja, eu vivi uma vida simples. Meus momentos interessantes podem ser contados no dedo (ou, parte deles, descritos em 20 historinhas, como estou fazendo agora).

Um desses momentos, sem dúvida, foi o dia em que conheci a Paula, minha "ex-noiva". Estranho isso, não? "Ex-noiva". Acredite, é mais estranho viver algo assim. Enfim, já me acostumei a receber pouco dessa vida.

Estamos em 2005. Abril. Já estava na CSU há algum tempo e apesar de me divertir um pouco com meus colegas, aquilo me entediava. Conhecia a Paula de vista, por assim dizer, e nunca me interessei por ela. Achava bonita, mas a turma dela era outra. Ela costumava me chamar de "Sr. Hotline", por motivos que só quem trabalhou ali sabe.

Surgiu a oportunidade de sair do atendimento e ir para o chat, onde estavam a maioria dos meus colegas de bebedeira. Fiz a prova. Ela também fez. Passamos. Meu contato com ela teve início ali, no treinamento. Mais precisamente no dia em que ela dormiu no meu ombro, sem sequer me conhecer. Meu interesse na verdade era em outra que estava no treinamento. Jacqueline, que me chamava atenção por... bem, sem hipocrisia, por seus dotes físicos. Só que ela era uma mulher brüt, intimidadora. Nunca cheguei muito perto. E passei a entender, com o tempo, que era pra ser a loirinha. A que dormiu no meu ombro.

07 de Maio de 2005. Sábado. Dia de reunião de ciclo. Estratégia do Dia das Mães. Fomos dispensados e não tínhamos o que fazer. Disse que ia na Fnac Paulista e perguntei se ela queria ir comigo. Aceitou. Descemos no metrô e, pra minha surpresa, damos às mãos. Acrediita nisso?? Eu tinha doze anos e... rs Não, brincadeira. Me senti um moleque. Depois andamos pela Paulista e por mais piadas que isso possa gerar, sim, paramos no Parque Trianon.

Estava um pouco frio e havia cachorros na praça, o que ela sempre detestou. Sentamos no banco e ela, encolhidinha, com frio e com medo dos cachorros. Nunca vou me esquecer daquela imagem. Passei anos dizendo à ela que na verdade, no começo, eu pensava em "pegar a loirinha, dar uns beijos, se pá comer...". Mas nunca foi isso, loira. Tenho por mim que me apaixonei por você naquele dia, naquele banco, antes do nosso beijo. E tenho te amado todos os dias, desde então.

Pedi um beijo e ela não falou nada. Ficou muda o tempo todo. Depois de muito insistir, ela me beijou. E foi sensacional. Pra mim, pelo menos.

Ela era uma menina. Linda, simples, pura, com background familiar parecido com o meu. Nos dávamos muito bem. Hoje é uma mulher forte, independente. Não precisa mais de mim. Deixei de ser interessante pra ela. A vida é assim mesmo, eu acho. Sei lá. Talvez o futuro explique o que houve.

Para todos os que contei essa história e outras, ela me usou. Me usou para torná-la parte do que ela é hoje e quando conseguiu, me deu um pé na bunda. Dizem que eu deveria mandá-la para a puta que pariu e esquecê-la. Mas... como fazer isso? Nunca a vi dessa forma e não acredito nas coisas que disseram. E como esquecer a pessoa mais importante que já passou pela sua vida?

Faz seis meses que dei tchau pra ela, numa Sexta, sem saber que estávamos nos despedindo. Um dia achei que ficaríamos juntos para sempre. Infelizmente a vida me mostrou que para sempre é muito tempo.

São Paulo, 11 de Abril de 2009. 20 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 2

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 2: Minha relação com Deus.

Aproveito a Sexta-Feira Santa para falar sobre a minha relação com Deus. Sou de família católica, mas nunca fui praticante das doutrinas dessa religião. Vivo cometendo meus pecados e não consegui seguir oito dos dez mandamentos.

Só costumo recorrer mesmo à Ele quando tenho problemas e, confesso, já o culpei inúmeras vezes pelos meus problemas. Inúmeras.

Não sou lá um homem de muita fé, devo dizer.

Até fui à igreja algumas vezes, assim como fui outras em templos evangélicos com a Paula, minha "ex-noiva". O primeiro achei chato e sonolento. O segundo achei engraçado, mas um pouco teatral demais para a minha cabeça.

A bem da verdade é que não tenho saco pra ficar sentado horas, ouvindo o que eles têm a dizer.

Minha relação com as religiões são (quase) nulas. Acho importante acreditar em alguma coisa, respeito quem acredita, mas não me sinto na obrigação de segui-lo.

Na boa, acho que gosto mais das representações feitas por Da Vinci, Rembrandt, Michelangelo, Raffaello Sanzio, El Greco, Ciseri e tantos outros do que as inúmeras 'leis' escritas e seguidas por homens há séculos.

Acho a história fascinante, mas nunca me toquei o suficiente para tomá-la como verdadeira.

Entendam, algo é responsável por tudo o que nos rodeia. Nisso eu acredito. Não há como tudo isso ter surgido do nada, sem explicação.

A verdade é que não sabemos nada sobre nada. A ciência jamais vai explicar 99,99% das coisas que existem. É por essas e outras que eu acredito na existência de 'algo' realmente poderoso. É pra esse 'algo' que eu rezo. É com esse 'algo' que eu converso.

O chamo de Deus por mero costume familiar, mas não acredito que ele seja luz, tenha barba ou qualquer coisa que o valha. Apenas... existe.

Neste momento específico da minha vida eu teria razões de sobra para achar que o Deus vingativo, que deixa o filho sofrer e que vê tantas coisas ruins no mundo e não faz nada é o responsável por minha má-fase.

No entanto, no fundo, prefiro acreditar no Deus misericordioso, que está me purificando, tirando coisas importantes de mim para me recompensar no futuro pelo meu bom comportamento.

Infantil, né? Às vezes acho também... mas é no que acredito.

Queria que as coisas fossem mais simples. Que esse Deus visse as coisas que fiz e trouxesse de volta a minha felicidade. Mas ele não o fará.

Vou continuar com meu caráter e postura e vamos ver o que o futuro me reserva.

São Paulo, 10 de Abril de 2009. 21 dias e contando.

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM

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Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos' (*).

CAPÍTULO 1: Sobre cometas e medalhas de barro.

O ano é 86. 1986. Ano de Sarney, Funaro e o Plano Cruzado. Ano de Chernobyl. Ano do Halley.

A semana tinha sido divertida, pois estavam calçando a minha rua. Avenida Botuporã. Tinha chovido também, o que sempre me deixa feliz (mais pra frente conto sobre a minha fascinação por chuva). Passei o dia todo brincando com meus amigos nos morros de areia.

Eu, André, Bitim, Nirim... nunca mais me diverti como naqueles dias. Nem nunca mais tive amigos como aqueles.

Eu tinha oito anos. Era jovem, inocente, cheio de esperança... feliz.

Não sei ao certo de quem partiu a idéia, mas resolvemos fazer uma competição naquela areia. Seria a nossa Olimpíada. Por conta da chuva havia barro nas ruas sem calçamento e fizemos 'medalhas' com aquele barro. A nossa excitação era visível. "Quem sobe o morro mais rápido? Quem aguenta levantar o maior número de paralelepípedos?".

Quando você é criança tudo parece mais interessante. Mais divertido. Sem preocupação. Sem amarras. O meu mundo cabia ali, naquelas ruas. Meus amigos e eu naqueles montes de areia... voltei à Paramirim três vezes desde que vim para São Paulo e ao passar por aquela esquina meus olhos ainda ficam úmidos.

Aquilo, sim, é que era vida. Só quando crescemos é que percebemos a merda que é esse mundo.

Era um Domingo. Comemos galinha cozida, como sempre, preparada pela Dona Maura, a minha avó querida. Sempre fomos pobres, mas graças à Deus nunca nos faltou nada. Nem amor.

À noite, tinha um encontro com o Cometa Halley. Durante dias só se falava naquilo na televisão e eu, porra, oito anos, queria muito vê-lo.

Aquela foi uma das primeiras e únicas vezes na minha infância em que fiquei acordado até tarde. Assistimos televisão até 11, 11 e meia e fomos para a frente de casa ver a passagem do cometa.

Aquele trecho já estava calçado e sentamos lá, esperando. Alguém (acho que Adelice, minha tia) foi até Zé de Ana Rosa comprar iogurte. Lembrem-se, éramos pobres. Não tínhamos esse 'luxo'. Voltou e, mentirosa como poucos, disse ter visto o Halley passar 'lá longe, na altura da torre na serra'. Fiquei frustrado porque ele já havia passado e não o vi.

Fui dormir triste e no dia seguinte todo filho-da-puta disse ter visto! Só eu que não. Aquilo me marcou por anos, acreditem e faz parte do Top 10 das frustrações da minha vida (junto com o dia em que meu avô não deixou eu assitir o filme das Tartarugas Ninja na 'Tela Quente', entre outros rs).

Não pretendo estar vivo em 2061, quando o Halley voltar, mas guardo na memória o dia em que o esperei em vão.

São Paulo, 09 de Abril de 2009. 22 dias e contando.

(*) Este foi o primeiro 'capítulo' que escrevi nos dias que antecederam o meu aniversário de 31 anos.

RESSUCITAR

Bom, vamos lá. Não gosto de escrever em blogs. Nunca gostei. Fiz esse aqui, há muito tempo, mais para agradar meus amigos (esses, sim, acham que eu escrevo bem) do que por vontade. Acho chato. Ponto.

Gosto de ler blogs. Pô, aí é diferente. Alex Castro, Marconi Leal e tantos outros. Ler, somente. Mas, enfim, pediram para eu ressucitar este espaço, então, here we go.

Para começar, vou postar algumas besteiras que escrevi no meu perfil do Orkut nos últimos meses. Aproveitem. Ou não. Abraço.