terça-feira, 23 de junho de 2009

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 4

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 4*: I'm only happy when it rains.

Existem coisas na sua vida que você não consegue explicar. Na minha, é essa história da chuva. Sou completamente, absurdamente fascinado pela chuva. Parece bobo alguém escrever sobre isso, mas não seria um relato sobre meus 31 anos se não falasse sobre a minha relação com ela.

Adoro dormir com chuva, vê-la pela janela, ouvir seu barulho, sentir seu cheiro e, principalmente, andar em dias chuvosos. Sem guarda-chuva. Sentir a chuva caindo sobre mim é como ter contato com algo maior. É como me purificar das merdas que esse mundo me proporciona. I'm a rainwalker, babe, and I'm happy with that.

Depois de tanta coisa boa e tanta coisa ruim, eu preferia não falar tanto na minha "ex-noiva", pra não ficar remoendo sentimentos, mas não há muito como separar as coisas. Há um momento bacana e naive que eu gostaria de dividir com vocês. Era um Domingo como tantos outros. E como tantos outros, eu estava na casa dela, na Zona Leste.

Chovia e conversámos deitados na cama, enquanto minha "ex-sogra" jogava solitaire no computador. Em cima da janela dela (acima, no prédio, lógico) há uma luz. E essa luz proporcionou um momento bobildo, mas que permanecerá na minha memória por muito tempo.

A minha "ex-noiva" é fã da trilogia Star Wars e tudo o que a cerca. E isso completou o cenário. Coloquei a minha cabeça pra fora da janela, pra fazer um gracejo e percebi que as gotas de chuva, com aquela luz, pareciam as cenas de SW, quando as naves entravam na velocidade da luz.

Pode rir, é bobo, mas esse episódio ajudou a alimentar na minha mente esse fascínio pela chuva e, claro, me mostrou pela enésima vez o quão gracioso era o meu relacionamento com aquela menina.

Sempre fui muito molecão e ter encontrado alguém com o mesmo perfil foi a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.

Passamos horas ali, olhando aquilo e por alguns momentos, raros, percebemos o que nos mantinha juntos. Fomos felizes ali, naquele momento, como em tantos outros.

Só me sinto tranquilo e feliz quando chove. Fato. É um momento especial pra mim. Mágico.

Sou baiano só de nascimento, pois não gosto de sol, calor, axé e carnaval. Gosto de frio, dia nublado, rock 'n roll e chuva. Garoa, tempestade, não importa. Chuva.

Assim como a televisão supriu a falta de amigos quando era mais jovem, a chuva preenche o espaço que a falta de algumas pessoas fazem.

Pode rir. Eu não ligo. Sou um cara comum. E não há nada mais fantástico do que saber aproveitar a beleza de ser absolutamente normal.

São Paulo, 13 de Abril de 2009. 18 dias e contando.

* Este capítulo deveria ter sido postado ontem, 12/04, mas devido à um desvio bacana de quase 1.000km, está sendo agora.

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