terça-feira, 23 de junho de 2009

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM 3

LEMBRANÇAS DE UMA VIDA COMUM
Ou 'Como acabar com a sua pose de durão em 20 capítulos'.

CAPÍTULO 3: Para sempre é muito tempo.

"Não estava aqui ontem à noite e não consegui dormir. Estará aqui esta noite?"

Sabe aquela sensação ruim e frustrante que você tem quando acorda de um sonho bom e incrivelmente real? Estou com essa sensação há seis meses. Mas esta é outra história. Para um outro dia.

Hoje quero falar de coisas boas. Quero começar a falar do relacionamento que foi, por si só, o maior e mais importante evento de toda a minha vida. Veja, eu vivi uma vida simples. Meus momentos interessantes podem ser contados no dedo (ou, parte deles, descritos em 20 historinhas, como estou fazendo agora).

Um desses momentos, sem dúvida, foi o dia em que conheci a Paula, minha "ex-noiva". Estranho isso, não? "Ex-noiva". Acredite, é mais estranho viver algo assim. Enfim, já me acostumei a receber pouco dessa vida.

Estamos em 2005. Abril. Já estava na CSU há algum tempo e apesar de me divertir um pouco com meus colegas, aquilo me entediava. Conhecia a Paula de vista, por assim dizer, e nunca me interessei por ela. Achava bonita, mas a turma dela era outra. Ela costumava me chamar de "Sr. Hotline", por motivos que só quem trabalhou ali sabe.

Surgiu a oportunidade de sair do atendimento e ir para o chat, onde estavam a maioria dos meus colegas de bebedeira. Fiz a prova. Ela também fez. Passamos. Meu contato com ela teve início ali, no treinamento. Mais precisamente no dia em que ela dormiu no meu ombro, sem sequer me conhecer. Meu interesse na verdade era em outra que estava no treinamento. Jacqueline, que me chamava atenção por... bem, sem hipocrisia, por seus dotes físicos. Só que ela era uma mulher brüt, intimidadora. Nunca cheguei muito perto. E passei a entender, com o tempo, que era pra ser a loirinha. A que dormiu no meu ombro.

07 de Maio de 2005. Sábado. Dia de reunião de ciclo. Estratégia do Dia das Mães. Fomos dispensados e não tínhamos o que fazer. Disse que ia na Fnac Paulista e perguntei se ela queria ir comigo. Aceitou. Descemos no metrô e, pra minha surpresa, damos às mãos. Acrediita nisso?? Eu tinha doze anos e... rs Não, brincadeira. Me senti um moleque. Depois andamos pela Paulista e por mais piadas que isso possa gerar, sim, paramos no Parque Trianon.

Estava um pouco frio e havia cachorros na praça, o que ela sempre detestou. Sentamos no banco e ela, encolhidinha, com frio e com medo dos cachorros. Nunca vou me esquecer daquela imagem. Passei anos dizendo à ela que na verdade, no começo, eu pensava em "pegar a loirinha, dar uns beijos, se pá comer...". Mas nunca foi isso, loira. Tenho por mim que me apaixonei por você naquele dia, naquele banco, antes do nosso beijo. E tenho te amado todos os dias, desde então.

Pedi um beijo e ela não falou nada. Ficou muda o tempo todo. Depois de muito insistir, ela me beijou. E foi sensacional. Pra mim, pelo menos.

Ela era uma menina. Linda, simples, pura, com background familiar parecido com o meu. Nos dávamos muito bem. Hoje é uma mulher forte, independente. Não precisa mais de mim. Deixei de ser interessante pra ela. A vida é assim mesmo, eu acho. Sei lá. Talvez o futuro explique o que houve.

Para todos os que contei essa história e outras, ela me usou. Me usou para torná-la parte do que ela é hoje e quando conseguiu, me deu um pé na bunda. Dizem que eu deveria mandá-la para a puta que pariu e esquecê-la. Mas... como fazer isso? Nunca a vi dessa forma e não acredito nas coisas que disseram. E como esquecer a pessoa mais importante que já passou pela sua vida?

Faz seis meses que dei tchau pra ela, numa Sexta, sem saber que estávamos nos despedindo. Um dia achei que ficaríamos juntos para sempre. Infelizmente a vida me mostrou que para sempre é muito tempo.

São Paulo, 11 de Abril de 2009. 20 dias e contando.

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